Um pensamento sobre envelhecer…
Precisava vir aqui dividir isso com vocês…
Eu tenho verdadeira fixação com o envelhecimento, mas não o estético, o das rugas, o da perda da agilidade, memória…enfim aquele que o corpo vai notando no decorrer dos anos.
Mas aquele da alma, que deixa a gente mais sábio, mais ouvinte, mais paciente, que não sofre com bobeiras, que sabe o que quer e gosta, que não aceita qualquer coisa, que sabe bem como é e que tem a plena noção do que realmente importa.
Ao longo dos anos como fotógrafa eu fui me envolvendo com esse tema e me encantando. Amo os ensaios com os mais velhos, porque eles estão lá inteiros, com tempo para um bom bate papo, histórias de vida e de objetos que marcam seu tempo, eles não tem pressa, e sabem dar valor aos segundos. Com eles, não sou tecnológica, exerço meu minha educação respeitosa ao extremo, treino meu ouvido, minha paciência e o melhor de tudo aprendo sobre a vida.
Com eles minha entrega é outra, não mando pendrive, ou wetransfer…vou no velho e bom albinho. Imprimo. Olha que maravilha!
E esse trabalho, que começou com a minha avó (tem um post antiguinho aqui), e a necessidade de registrá-la para ter sua história documentada, continua…e no ano passado fiz esse ensaio para uma matéria sobre avós na Rede Record. (link)
No dia em que fomos gravar, o Sr Vidal estava com muita dor. Mas curtiu e pelas fotos ficou claro seu envolvimento em todos os sentidos. No mesmo dia, ele foi internado…e infelizmente não voltou. A matéria foi ao ar, esperei o tempo passar e mandei a caixinha com uma 100 fotos para a Sra Claudete no Natal. E só agora resolvi escrever…
Eu não tenho como calcular o que essas fotos significam para eles, eu não tenho como mensurar a importância daquele momento de registro para minha vida e para a vida da Sra Claudete. Toda vez que realizo esse trabalho, faço-o pensando na celebração da vida, no reconhecimento daqueles que geraram a família, no poder de eternizar um ambiente e uma vida que foi e sempre será importante para todos que ali vivem ou viveram.
Como fotógrafa acredito que uma história contada somente por palavras, em sua riqueza de detalhes, tende a desaparecer no decorrer do tempo. É quase como aquela brincadeira antiga de telefone sem fio, o que chega ao final não é o real. Porém a fotografia consegue trazer essa realidade e por consequência evitar que os detalhes se percam.
Vivemos na família e por ela. Crescemos muitas vezes frequentando os mesmos lugares, sentindo os mesmos cheiros…o almoço de domingo, o macarrão da avó, a mesa de tranca, as plantinhas, o cheiro do pão de queijo, o barulhinho da cortina…mas será que isso irá durar mais quanto tempo? O que é o tempo?
Eu realizei o ensaio fotográfico com a minha avó…e você vai esperar o que? Me convida para o almoço de domingo, um café da tarde, uma visita de ultima hora, que eu levo a máquina e te dou seu maior tesouro…
Não tenha vergonha de pedir, esse é meu trabalho, meu coração…vou te esperar…
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No site, as fotos desses ensaios estão na categoria “Melhoridade”
Abraços e até breve.
Mika Amato
que lindo Mika!! seu olhar é muito especial!
Obrigado! Que bom que gostou…coloco meu coração…
Que sensível Mika
Obrigado! Foi feito com muito coração…
Adorei Flavinha, me emocionei com sua sensibilidade, suas fotos retratam além do espaço físico!